
De acordo com dois cientistas do Reino Unido, pode haver vida no Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que está atualmente sendo explorado pela sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA). Eles alegam que algumas características da superfície do comenta poderiam ser explicadas pela presença de micro-organismos abaixo da crosta deste corpo celeste.+ É uma visão radical e controversa, mas os astrobiólogos Max Wallis, da Universidade de Cardiff e Chandra Wickramasinghe, diretor do Centro Buckingham para Astrobiologia, alegam que dos dados enviados pela missão Rosetta apoiam sua teoria de que o cometa poderia abrigar alguma forma de vida.+ “Essa é a conclusão que chegamos“, disse Wickramasinghe durante um telefonema.+ Wickramasinghe argumenta que os cometas poderiam transportar a vida através da galáxia; uma teoria que teria grandes implicações para as nossas origens e a natureza da biologia. “As implicações seriam que a vida é verdadeiramente um fenômeno cósmico, não restrito à Terra“, disse ele.+ A sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia, tem estado na cola do Cometa 67P por anos, e atingiu as manchetes no ano passado, quando começou a orbitar o cometa, pousando a sonda Philae com sucesso em sua superfície.+ Imagem do cometa em 26 de junho. Crédito: ESA/Rosetta/NAVCAM.+ Dados dos instrumentos da sonda que está orbitando e da que pousou estão começando a ser publicados e iremos saber mais a respeito do cometa. Encontramos compostos orgânicos e sabemos que a superfície escura do 67P está infestada de crateras e rachaduras.+ O modelo de Wickramasinghe e Wallis propõe que a biologia sob a superfície gelada do cometa poderia produzir gases que são forçados pelas rachaduras da superfície e abastecem os materiais orgânicos. Num telefonema, Wickramasinghe comparou o processo ao “apodrecimento de alimentos numa lata que estoura quando a microbiologia ocorre e produz muito metano e outros gases“.+ “O total da geometria do cometa, temos argumentado, é devido aos processos deste tipo”, disse ele. Os pesquisadores publicaram um trabalho relacionado à sua teoria no Journal of Astrobiology and Outreach,e Wallis o apresentou para a Reunião Nacional de Astronomia da Sociedade Astronômica Real, no País de Gales.+ Eles afirmam que a vida em questão seria do tipo extremófilo – um organismo que pode sobreviver em condições extremas. No trabalho eles escrevem que, “apesar dos micro-organismos provavelmente requererem corpos de água líquida para sua antiga colonização do cometa, eles podem habitar as rachaduras no gelo e neve na sub-crosta, especialmente se eles contêm sais anticongelantes e biopolímeros.+ Mas esta tese não é amplamente aceita.+ Matt Taylor, cientista de projeto da missão Rosetta da ESA, disse num e-mail que, “dadas as condições de radiação e as temperaturas muito, muito baixas, bem abaixo de -70 nas superfícies iluminadas pelo Sol, eu não vejo isto como sendo uma possibilidade, e não está claro para mim a quantidade de evidência dando respaldo à esta alegação“.+ Ele ainda adicionou que não está “ciente disso ter muito, se qualquer, apoio da comunidade Rosetta“, e que ele acredita mais na “pletora de trabalhos vindos da missão, por centenas de cientistas de cometas, cujos resultados têm passado pelo processo de revisão de colegas“.+ Não há instrumentos nas sondas Rosetta ou Philae para expressamente procurar por vida; somente por materiais orgânicos.+ Wickramasinghe tem trabalhado por muito tempo na ideia de que cometas poderiam abrigar a vida. Ele trabalhou com o falecido astrônomo britânico, Sir Fred Hoyle, na hipótese da panspermia, a qual teoriza que a vida na Terra teria sua origem no espaço.+ As tentativas anteriores de Wickramasinghe de fornecer evidência sobre a panspermia não convenceu a comunidade científica.+ Uma teoria menos controversa – uma que é reconhecida pela ESA como algo que poderia ajudar a sonda Rosetta – é que cometas como o 67P poderiam ter trazido moléculas à Terra que teriam agido como ‘blocos para a construção da vida’, ao invés de trazerem a vida por si mesma: moléculas orgânicas complexas que poderiam ter sido as precursoras dos aminoácidos e então terem “semeado” a vida, tal como a conhecemos.+ Wickramasinghe reconhece que a proposta da existência de vida no 67P seria contestada pelos críticos, mas culpou o que ele chamou de “uma relíquia da era pré-Copérnica” que favorece a ideia de que a vida está centrada na Terra.+ Fonte: motherboard.vice.com
0 comentários:
Postar um comentário